Fala de Criança

cofrinho

O Gustavo ganhou a alguns meses um cofrinho em formato de gatinho. Toda moeda que ele achava pelo chão corria para depositar lá.

A única regra que impus sobre o cofrinho era: você só vai ganhar presente no dia das crianças…nada de pedir brinquedo antes desse dia… você vai comprar seu presente com esse dinheirinho aí dentro.

-x

Maaaaasssss numa casa com avós coruja, fica difícil manter uma regra [cruel – na opiniao deles] básica para a educação do nosso leãozinho. Certo dia, correndo pela casa imitando um jato supersônico ultra-rápido, o gu acabou esbarrando numa mesinha e quebrando um vaso-xamego da vó coruja… O bixinho ficou tão desesperado, foi chorando pro quarto, avisar que tinha quebrado:

– Buaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh aaahhhh Vooo-Vóooo eeeuu quebeeei a salaaa!

-É o quê, Gu?

– Vem ver, vó!

(…)

– Vó, eu vou pagar! Eu tenho dinheiro no meu gatinho!

– Tá certo, gu…quando você quebrar o gatinho, você me dá.

Alguns meses depois, com o bendito não suportando mais nenhuma moedinha decidi quebrá-lo com o meu guri… Assim que viu as primeiras moedas, encheu uma mão e correu pro avô:

– Vô! O dinhero do vaso da vovó! Tá aqui, viu?

Meu pai, veio todo prosa, me deu uma nota de 10 escondida do gu e depositou as moedinhas no cofre grande da casa 😉 O bixinho não viu a transação comercial e ganhou horas mais tarde uma caixa de chocolate dos avós babões…

precisa nem falar que eu fiquei morrendo de orgulho do meu guri…né?

cotidiano

nota mental

1. bom dia/boa tarde/boa noite/ como vai você?

 já foram sinais de boa educação.

eh mundinho esse… onde os pequenos mimos cotidianos estão sendo aniquilados…

2. se bem que sempre achei a dinâmica do: ‘e ai, como vai?/vou bem, e você?/ahh, tb vou bem, só uns probleminhas bestas aí/ bom, então bom dia e até mais’ meio cruel…

3. falar e ter quem escute é algo prazeroso… coisa triste é sentir-se desprezado e à parte do mundo…

(pensamentos adivindos do grupo terapêutico com idosos… de 60-90 anos)

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Earthlings

Eu amo animais, compreendo que eles são a peça fundamental para a beleza do nosso mundo e pelo auto-conhecimento proporcionado através da observação de seus comportamentos, laços sociais e afeto. Achei esse vídeo no youtube, que é um soco no estômago sobre a nossa falsa noção de espécie dominante:

Earthlings – Terráqueos




Outras partes, para quem quiser ver o documentário na íntegra
Parte 2 de 10:
http://www.youtube.com/watch?v=eeExxmwLsCM
Parte 3 de 10:
http://www.youtube.com/watch?v=MxakVp17HLY
Parte 4 de 10:
http://www.youtube.com/watch?v=mczps6J4Dkk
Parte 5 de 10:
http://www.youtube.com/watch?v=gkfu1br5Su8
Parte 6 de 10:
http://www.youtube.com/watch?v=GjYn-O2_15w
Parte 7 de 10:
http://www.youtube.com/watch?v=RNVnr8AZ6b4
Parte 8 de 10:
http://www.youtube.com/watch?v=yD0OW4C5HhI
Parte 9 de 10:
http://www.youtube.com/watch?v=AnyhJEqvjqA
Parte 10 de 10:
http://www.youtube.com/watch?v=fopI5_MxMKo

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Dragões Mandala e Armaduras

Hoje tô rindo do texto escrito no momento de raiva…
e já refleti bastante sobre a situação.
Sinceramente o refrão do Buarque vai ficar:

“educação, educação e educação”

Vejamos exemplos como a China… é o investimento na educação (e o controle do estado) que garantiu a esse país um lugar de destaque no panorama global. Só se sai do buraco social e do precipício das promessas de futuro quando é feito um investimento maciço, contínuo e de qualidade na educação: É através da valorização da mesma que se pode esperar uma sociedade com cultura, com dissernimento e mais do que tudo, com senso de auto-crítica.

Acredito na máxima Kantiana: “o homem é lobo do próprio homem”. por acreditar nela, creio que é necessário esse exercício cultural para que questões primárias de reforçamento: sobrevivência (sexo e alimentação) sejam superadas para passarmos ao próximo nível: a do reforçamento secundário. Onde após um investimento a longo prazo obteremos o reforço.

Para quê afinal passar oito anos na escola se não se é explicado a importância do estudo: que isso o diferenciará dos demais e que com estudo, com conhecimento e com crítica se pode mudar a realidade vivida e a dos seus.

Para quê e com quê prazer um indivíduo vai passar boa parte do seu dia numa sala de aula sucateada, com professores com cara de bocejo e a barriga roncando de fome? Se é mais fácil ir pedir dinheiro no sinal (de dez em dez centavos se arruma uma graninha pra cheirar cola e enganar o estômago) ou então roubar diretamente e ter em mãos 100, 200, 500 reais.

Não estou dizendo aqui que eles são seres inocentes, que não sabem o que fazem. Estou afirmando que vivemos um problema cultural. Temos sim quinhentos anos nas nossas costas de falcatruas, de nepotismo, de meias-verdades empurradas para baixo do tapete. Esse maldito jeitinho brasileiro tão valorizado, cantado e comemorado é na verdade a prova maior da nossa corrupção histórica. Como podemos brandar e gritar contra o mar-de-lama se nós mesmos somos corruptos?! Quem denuncia o caso extra-conjugal da patroa ao seu marido?- preferem chamá-lo de corno às escondidas e rir da cara do coitado. Quem ao ver uma nota de 50 reais caindo duma bolsa devolve ao seu dono? – guarda na carteira e comemora o desleixo da dona. Quem recusa a oferta de ter um ponto extra de tv a cabo, proposta pelo instalador por 20 reais? – “rapaz foi uma pechincha. te passo o número do instalador, se quiser também”

São pequenas corrupções cotidianas que nos torna coniventes com todo o absurdo ao nosso redor.
Só se muda a cultura com educação.
E só se sai do buraco com estudo.

Mas como confiar num país onde ministros, senadores, deputados, vereadores e até mesmo ‘presidentes’ são eleitos por carisma. Onde são mantidos em cargos e funções por laços de interesse e amizade?! Onde eles próprios sabem que precisam apoiar porquê senão perderão esse emprego?

Quem não gostaria de ser político nesse pais?

Quem quer investir no reforçamento secundário e após um looongo prazo começar a colher os frutos do seu esforço e dedicação?

Escolas e Universidades sucateadas. Pouco investimento em pesquisa. Baixos salários.

Talvez a maior virtude do brasileiro seja realmente o seu jeitinho de resolver as coisas.

Para mim, porém, isso se chama roubo.